terça-feira, 25 de julho de 2017

Wittgenstein outra vez?

Se eu não fosse quem fosse diria que Wittgenstein anda a perseguir-me. Coincidência das coincidências, no livro que ando a ler de David Foster Wallace, "The Broom of the System", Wittgenstein tem uma presença assustadoramente forte. Digo assustadoramente porque foi só há pouco tempo que mergulhei nos escritos e teorias linguísticas deste homem e, talvez por me rever nele ou me identificar de alguma forma nas posições que ele tem em relação à linguagem (posições, diga-se de passagem, tal como acho que já referi nalgum post mais antigo, que foram contrárias durante a sua vida, referindo-me aqui mais à posição final que ele tomou sobre o assunto, descartando a inicial; procurem por aí que acho que já escrevi sobre isso), sinta que a presença dele é maior do que aquela que realmente é.

Mas, conhecendo relativamente bem o autor deste livro, David Foster Wallace, não me espanta que ele se interessasse por filosofias da linguagem e afins. Logo, o facto de ele usar as teorias de Wittgenstein e o seu nome pelo meio desta obra de ficção não é, a bem dizer, algo que me estranhe muito.

Ainda não cheguei a meio do livro, mas o que de importante está a acontecer, e que me parece ser um dos pontos essenciais da história, é o facto da bisavó da protagonista (que por acaso partilham o mesmo nome, deve ser interessante o porquê) ter desaparecido do lar onde se encontrava. Sabemos que ela e a sua bisneta se davam muito bem, até demasiado bem, algumas pessoas diriam, e sabemos também que esta bisavó teve aulas com Wittgenstein no tempo em que ele palestrava sobre a sua teoria final da linguagem. Sabemos também que ela é muito inteligente e astuta, e que ficou totalmente ensopada com os ensinamentos do seu professor Wittgenstein. Bem acho melhor não dizer mais, porque não sei se alguém vai ler e assim não se estraga mais a história. 

O livro está a ser bastante engraçado e satisfatório. Este David Foster Wallace sabia mesmo escrever. De vez em quando tem umas partes mais chatas ou assim, mas que de alguma forma estão ligadas à história e, se estivermos com atenção, relembramo-nos e dão-se pequenos cliques na nossa cabeça. Outra coisa que ele sabia fazer era diálogos. Excelentes mesmo. Vão ler se puderem, eu quando acabar dou uma nota final.

Sem comentários:

Enviar um comentário