quinta-feira, 2 de março de 2017

Snapchat #2

Hoje trago-vos a rubrica semanal de Abraão, que é bem mais terrena do que poderíamos imaginar. Espero que desculpem os estrangeirismos do escritor, mas dado o contexto são totalmente justificáveis. Deixo-vos então Abraão com a sua Rubrica Semanal.

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Com que então o Snapchat vai para a bolsa… Eu, que só não estou no auge da minha ignorância bolsista porque considero que isto (seja lá o que isto for) ainda pode piorar, pergunto: não é a Snap Inc. que vai entrar na bolsa? O Snapchat é um produto, não uma empresa… Começa bem…
Vamos então analisar esta prostituição, que só não o é, porque esta juventude não ganha dinheiro.
Eu inscrevo-me numa rede social. Ponho lá umas fotos todas nices para parecer bem. Eu nem ligo muito àquilo, mas não quero que as pessoas que nunca irão falar comigo pensem que eu tenho o real aspeto que tenho. Isso seria intrinsecamente amoral… Vamos então pôr aqui uns óculos escuros, arranjar um filtro à maneira e ‘tá top. Nada de exageros. Tenho mais que fazer da vida.
Mas o que se passou? Só tenho 15 likes em 32 minutos? Não percebo… Mas eu nem ligo muito a isto, por isso é-me indiferente. Vamos seguir em frente, que ainda temos muitas fotos por tirar e muitos momentos para fotografar para que um dia, quando formos velhos comunistas, possamos mostrar às pessoas do centro de saúde, que esperam por ser atendidos devido a uma gripe, que vão estar tão desinteressadas em vê-las, quanto nós a viver o momento que fotografamos.
Bem, aqui estou eu, vivendo a vida que vivo, indo de vez em quando pondo a malta a par do que faço na tal rede social, quase socialista. Só para que eles não se percam na minha prezada vida de idiota.
Onde íamos? Ah, sim, a entrada do «Snapchat» no mercado… Com que então cada usuário ativo do Snapchat representou 1,06 dólares num trimestre qualquer… E no facebook, nesse trimestre, representou 4,83 dólares… Like nisso…
Vamos a contas: 4,83/3/30,5/24=0,0022 dólares. Não vou explicar este cálculo. Nem vou refletir criptograficamente sobre ele. Afinal, não explico explicações.
Resumindo: vendemos o prazer que achamos dar aos outros de dar prazer aos outros de nos darem prazer por partilharmos a nossa estupidez. Perdemos tempo, vida, inteligência, e os outros, os que mandam nos canais pelos quais nos pornografamos, ainda ganham o que ganham connosco. Ou convosco.
Pelo sim pelo não, vou ali tirar um snap para enviar à Mariazinha. Vou demorar. O meu ar de espanto é difícil de parecer natural. Porque será…
Isto é suposto ser um post literário? O Kinch que vá dar uma volta ao cemitério. E que aproveite para tirar uma foto para substituir a do facebook.

Abraão

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(Nota: Em resposta ao último comentário no texto de Abraão, eu (Kinch) já troquei a foto do facebook uma vez (e já acho que foi uma vez a mais), penso que ainda aguenta mais uns anos. Talvez na próxima fotografia esteja eu há caça de pokemons lá pelo cemitério, dizem que tem muitos do tipo fantasma).

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