Aqui está mais um texto de Abraão Esteves. Este é na verdade uma espécie de revista de uma aula sobre coisas. Posso confirmar que a aula em questão foi, de facto, muito chata.
E foi assim, que tive a minha terceira aula de Literatura Geométrica Sustenida. É uma cadeira muito interessante que faz parte de um bloco de cadeiras opcionais para vários cursos, entre eles, obviamente, o meu – Mestrado Integrado em Engenharia Filosófica no ramo de Político-economia Cristã.
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E foi assim, que tive a minha terceira aula de Literatura Geométrica Sustenida. É uma cadeira muito interessante que faz parte de um bloco de cadeiras opcionais para vários cursos, entre eles, obviamente, o meu – Mestrado Integrado em Engenharia Filosófica no ramo de Político-economia Cristã.
A primeira aula serviu para dizer que a cadeira tem
professores e que esses professores efetivamente – dizem eles – existem. O
normal. Na segunda aula já começámos a sério. Infelizmente, e a professora em
questão sabe-o, a maioria dos alunos desta cadeira (maioria da qual me excluo)
tem problemas com a teoria das equações diferenciais parciais que explicam as
cores. Por isso, vai evitar falar de cores. Parece-me estranho, quando o
primeiro tópico da cadeira é o Cubismo retratado por Picasso…
Apesar dessas dificuldades, era necessário rever as cores.
Mas a professora deu-nos a sua palavra de honra de que daria apenas o
essencial. Pareceu-me, já nessa aula, que as minhas espectativas sobre a
cadeira talvez não fossem as mais realistas. Quando a professora mostrou o
quadro «La vida» (do Período Azul, essencial para perceber o Cubismo) e
perguntou, nesta cadeira de mestrado, quantas pernas tem a mulher nua, percebi
que muitos dos meus colegas não souberam responder. Passámos quase toda a aula
com a professora a explicar como identificar as pernas. Falámos de tudo. Até de
batatas. Enfim, foi uma aula para rever as cores e para rever o meu conceito de
alunos de ensino superior. Uma mais-valia.
Nesta aula, infelizmente, a professora não conseguiu levar o
seu modelo de pernas feitas com batatas. Mas isso não a impediu de passar quase
toda a aula a rever a aula anterior, que foi passada a fazer revisões. Quando,
finalmente, começou a falar dos braços e da cabeça, foi um desastre. Ninguém
soube responder quantas bocas tinha a dita rapariga nua. Eu, claro, não
respondo. Sinto que essas perguntas são um insulto. Eu podia ter pensado o
mesmo dos meus colegas, não fossem eles colocarem dúvidas sobre o assunto. O
Kinch (que só os deuses sabem porque também escolheu esta cadeira opcional para
vários cursos), claro, com o portátil desnecessariamente ligado à sua frente,
estava no telemóvel. Estando desatento ainda me perguntou como se identificava
a boca da dita.
Lá expliquei que a boca é o instrumento que se utiliza para
mandar os professores à merda. Não tendo ficado claro, acrescentei que também é
usado para mandar os colegas à merda. Estando praticamente esclarecido,
acrescentei apenas que também é usado para mandar presidentes de departamento à
merda. Ficou totalmente esclarecido. Lá voltou para as suas práticas
subredditianas.
Passei o resto da aula com dúvidas sobre se sou apenas eu e
o Kinch que temos uma velocidade ligeiramente superior para aprender noções
básicas, ou se é a professora que não sabe mandar à merda. Acredito que esta
última hipótese esteja mais correta.
E foi assim que foi a terceira aula. Talvez, no decorrer do
semestre, a professora doutora Susana Dias aprenda a mandar à merda. Continuaremos assim, no Departamento de
Ciências Existenciais, da Universidade Estou-me-a-lixar-para-os-alunos, da
Faculdade Mas-com-carinho.
Abraão Esteves
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