quarta-feira, 8 de março de 2017

O Guitarrista - Episódio 1

Para aqueles que não sabem, uma das minhas obsessões é a guitarra (mais exatamente a comumente chamada guitarra clássica, ou violão no Brasil). Todas as temáticas envolvendo o instrumento, geralmente, interessam-me. Por tal razão poderá vir a ser normal escrever regularmente sobre tais assuntos.
Queria dar a conhecer-vos, leitores, quiçá entusiastas do instrumento, algumas obras que eu considero interessantes no sentido de serem obras compostas tendo em mente o instrumento em si; obras que fazem uso das caraterísticas talvez menos exploradas no passado, e, por isso, obras contemporâneas, ou com alguma espécie de inventividade ou genialidade. Tentarei ser o mais heterogéneo possível no que diz respeito aos compositores das peças, para também não aborrecer ninguém com posts sobre sempre o mesmo compositor. (Mas tenho a dizer que ando numa fase altamente obsessiva, há já uns quantos meses, em que a maioria das peças que leio e toco foram compostas por Roland Dyens, um grande compositor, instrumentista, performancer, e uma das pessoas que, na minha opinião, explorou o instrumento de uma forma genial. De vez em quando tento intercalar com peças de outros compositores porque, para os que não conhecem, Roland Dyens é extremamente exigente, o nível de dificuldade das obras digo; mas admito que essa é talvez uma das razões pelo qual me atrai tanto o repertório de Dyens, mas não a única claro. Em termos estritamente académicos as peças deste compositor são um universo autêntico, não há dúvidas do quanto ele sabia sobre o assunto, e mais importante, a forma de aplicar o seu conhecimento; sim, sem dúvida de que ele sabia fazê-lo. E as transcrições que ele fez sobre um conjunto tão diverso de músicas de diferentes estilos são simplesmente maravilhosas. Mas divago, é melhor fechar os parênteses, irei falar sobre estas coisas nas alturas devidas).
Bem, já que comecei por falar sobre Dyens, a primeira peça que vos trago é de sua autoria. Um tema original dele chamado "Tango en Skai", tocado pelo próprio no vídeo desse link. Começo por esta porque foi também por esta que fui apresentado e iniciado à obra musical de Roland Dyens. É, portanto, um tango, conceito original da Argentina, nascido, como tudo, da miscibilidade da diferença entre algo e outro algo, neste caso, das diferentes danças e estilos existentes em determinada altura na Argentina. Escrevo isto porque é interessante verificar que este compositor, nascido na Tunísia, mas de família francesa, e que de resto passou grande parte da sua vida em Paris, é de uma versatilidade enorme, tendo compondo sobre os mais variados estilos e feitios. Mas o importante é que se nota, em alguns casos, a mistura que ele próprio faz desses estilos de diferente natureza, criando algo que é essencialmente e intrínsecamente desigual relativamente à sua origem; no fundo é esta a essência da criação artística.
Falar sobre música, especialmente falar sobre temas musicais, é sempre muito redutor, pelo que aconselho simplesmente a ouvir a peça e, se tiverem curiosidade, a ouvir o resto do repertório de Roland Dyens. De qualquer das formas de certeza que esta não será a única obra que irei referir.
Num próximo post irei trazer um outro tema musical guiarrístico; irei tentar fazer estes posts sobre a guitarra e a música com alguma regularidade, mas sem promessas; divirtam-se

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