sábado, 12 de agosto de 2017

E o Sentido?

Procuro-te,
Mas não te encontro.

Pergunto-me,
Será que vale a pena?
Será que existes verdadeiramente?

E quando desistir, porque
Está destinado a acontecer,
É aí que te descobrirei?

...

Até agora, a existência
Apenas me revelou o absurdo
De si mesma.

Eu reconheço o absurdo, reconheço
Os paradoxos da nossa condição, mas
É nesse reconhecimento que se encontra
O poço de um desespero e impotência.

Viver no absurdo, viver
Entre o eterno e o vazio, é sofrer.
Eu reconheço isto.
Eu reconheço que isto é a vida, a nossa existência.
Perceciono isto, por vezes, como uma brincadeira de criança,
Que cria uma história no seu quarto, quando tira os
Bonecos do baú; dá-lhes vida e um aparente propósito,
Para passado um bocado os colocar de volta
No baú que é o vazio.
Por vezes penso isso, que
Nós somos como os brinquedos que são
Retirados do vazio do universo; é-nos dada
Vida e um aparente propósito, apenas para nos
Porem dentro do negro baú do vazio novamente.
A diferença entre nós e os bonecos está na
Consciência de que somos donos.
Com esta consciência podemos questionar os aparentes
Sentidos que nos dão, ou nos aparentam; podemos questionar,
No fundo, a vida que nos foi dada,
E, tendo uma escolha, podemos tomar qualquer decisão -
Rejeitar todos os sentidos ilusórios, rejeitar a própria vida,
E decidir viver naquilo que para nós é absurdo, ou acabar com
A brincadeira.

...

Nota: Acho que isto é fruto de um Camus reencarnado em mim, depois de ter lido os primeiros ensaios do livro "O Mito de Sísifo" desse existencialista.

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