Os velhos da paragem,
A conversar sobre tudo
E sobre nada,
Discutem o que quer que seja;
Os mesmos velhos da paragem,
Sempre os mesmos velhos da paragem...
Olho para o lado
E vejo um tráfico de jornais,
Daqueles gratuitos.
E um dos velhos tinha um saco enorme,
E lá dentro uma pilha desses jornais.
E o velho sorria para os outros,
E o velho cumprimentava as gentes,
E o velho brilhava.
De repente
O velho tinha-se tornado
Aquele rapazinho que se diverte
A entregar jornais.
De repente
O velho era de novo
Uma jovem criança que se
Diverte com os amigos do bairro.
E eu sentia tudo isto; simplesmente sentia.
E o sentimento era quente; como que vindo de uma estrela próxima.
Aqueles velhos na paragem
São só velhos para os olhos.
Daquelas caras aparentemente
Envelhecidas
Sinto a vida de alguém mais vivo do que eu.
Aspiro a viver tão levemente quanto aqueles
Velhos na paragem,
Enquanto os sinto; os vejo; os ouço;
E em determinados momentos,
Lembro-me que os velhos estarão sempre ali,
Na paragem,
A deslumbrarem a própria vida;
Os mesmos velhos da paragem,
Sempre os mesmos velhos da paragem...
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