terça-feira, 16 de maio de 2017

Os velhos da paragem

Os velhos da paragem,
A conversar sobre tudo
E sobre nada,
Discutem o que quer que seja;

Os mesmos velhos da paragem,
Sempre os mesmos velhos da paragem...

Olho para o lado
E vejo um tráfico de jornais,
Daqueles gratuitos.

E um dos velhos tinha um saco enorme,
E lá dentro uma pilha desses jornais.

E o velho sorria para os outros,
E o velho cumprimentava as gentes,
E o velho brilhava.

De repente
O velho tinha-se tornado
Aquele rapazinho que se diverte
A entregar jornais.
De repente
O velho era de novo
Uma jovem criança que se
Diverte com os amigos do bairro.

E eu sentia tudo isto; simplesmente sentia.
E o sentimento era quente; como que vindo de uma estrela próxima.

Aqueles velhos na paragem
São só velhos para os olhos.
Daquelas caras aparentemente
Envelhecidas
Sinto a vida de alguém mais vivo do que eu.

Aspiro a viver tão levemente quanto aqueles
Velhos na paragem,
Enquanto os sinto; os vejo; os ouço;

E em determinados momentos,
Lembro-me que os velhos estarão sempre ali,
Na paragem,
A deslumbrarem a própria vida;

Os mesmos velhos da paragem,
Sempre os mesmos velhos da paragem...

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